quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Encontra-me

     Nestes dias escuros, confusos, sinistros ando vagueando por esta imensa escuridão... Procurando por uma luz... Procurando por uma estrela... Procurando por ti...
     Ando vagueando à beira mar nos meus confusos pensamentos, pensado em alguém que não consigo reconhecer... Alguém que não consigo ver a face...
     Quem és tu? Quem és tu que me persegues?... nos meus sonhos, nos meus mais íntimos pensamentos... Porque é que o meu único desejo e ter-te aqui? Descobrir quem és? Descobrir a tua face?
     Chamas por mim, mas eu não te oiço... Olhas-me nos olhos mas eu não te vejo...
     Quem és tu? Quem és tu que me persegues sem parar? Mostrar-te... Olha para mim... descobre-me e deixa.me descobrir-te..

     Chega-te ao pé de mim... Agora que vagueio sem destino nas ondas a molharem-me com os seus salpicos... Encontra.me...
Quem és?
Quem desejas ser?
O que anseias?
O que desejas?
Um dia acordas e olhas ao teu redor, mas já não és aquela criança que subia às árvores e pulava os muros.
És um adulto.
Como é que isso aconteceu?
E os teus sonhos? Onde estão eles?
Perdes-te-os?
Realizas-te-os?
Diz-me, a criança que eras orgulha-se do adulto que és hoje?

Raquel Miriam 25/1/2014
Olha...
Vê..
Reflecte..
O que sentes?
Será frio ou calor? É uma mistura?
Não me digas.. Não quero ouvir palavras agora...

Agarra-me..
Toma-me..
Faz-me sentir o que tu sentes...

O coração acelera,
As veias sobressaem,
A cabeça lateja...
Tudo em volta escurece e apenas existe um foco de luz que nos ilumina e incide sobre nós.

Já não posso ouvir nada em meu redor,
Já não posso ver nada em meu redor,
Mas vejo cada centimetro de ti,
Oiço todas as tuas inspirações e expirações...

O que estás a sentir?
Faz-me sentir o mesmo...
Mostra-me..
Faz-me sentir viva!

Raquel Miriam. 27/2/2013
E se eu te dissesse que era possível?
E se eu te conta-se que a fantasia se pode tornar realidade num abrir e fechar de olhos? E se descobrires que os teus sonhos são várias portas duma encruzilhada e que apenas tens de escolher uma?
Não, não precisa ser apenas uma, podem ser várias... simultâneas, em alturas diferentes, em espaços diferentes, mas que apenas depende de ti!
Toma a tua decisão!
Segue em frente!
Não olhes para trás!
O teu passado trouxe-te até este ponto!
Tu escolhes o teu futuro!
Levanta o punho e luta por aquilo que queres, desejas e anseias!
Luta por quem te deixa sem fôlego!
Luta por ti!
    Eu, um ser, que não vive, que não existe...
     Eu, ser que apenas e simplesmente vagueia por essa estrada sem fim...
     Estrada, essa, que não está nitida... Estrada com nevoeiro...
     Eu, um ser, percorro essa indistinta estrada sem fim...
     Eu, um ser incompleto..
     Ser que vagueia por esse caminho... procurando... tentando encontrar... ansiando  por ver o rosto daquilo que tenta decifrar através daqule intenso nevoeiro...
     Procura... Anseia... Tenta encontrar...
     O nevoeiro diminui... a estrada torna-se mais decifrável...
     Consigo ver a metade que pode completar o ser pelo qual dou o nome...
     Encontrei...
     Tornei-me um ser existente...
     Agora sim, existo! Vejo o caminho! Distingo as cores, as formas, as letras...

     Ser que tornou que tornou a minha imaginária existência numa obvia e pura realidade...

Raquel Miriam. 2011

Mulher aqui estás tu

Mulher...

Mulher tu...
Bela, fascinante...
Pura, sensível...

Corpo esbelto...
Linhas delineadas...
Formas definidas...
Apelo chamativo...


O teu corpo chama...
Chama para o indescritível...
Chama para um local onde não se pode ir...


Mulher...
Mulher tu...
Mulher deitada por entre vermelhos pastos...
Aqui estás tu...

Raquel Miriam 2011

Mulher

     Mulher solitária…
     São as curvas do teu corpo... ou o teu sorriso travesso...
     As linhas desenhadas pelos teus ombros que te descem pelo corpo e te percorrem os seios redondos e apelativos...
     São as líneas curvas onde devem ser curvas e rectas onde devem ser rectas que te percorrem a cintura até as ancas fazendo do teu corpo algo chamativo e desejável...
     As pernas esguias e que de vulgar nada têm...
     Mulher que passeias nos meus pensamentos…
     É o teu encanto infantil...
     O teu sorriso deslumbrante ou mesmo o teu belo corpo...
     És tu mulher!

Raquel Miriam. 2011

Ilusionista

     Um dia olhamos pela janela e percebemos que afinal não sabemos nada... que afinal tudo o que podias jurar que sabias, que tinhas, que possuías era tudo nada mais do que uma ilusão, uma ilusão que te venda os olhos e não te deixa enxergar além das pequenas mentiras que constituem a tua existência.
     Um dia olhas pela janela e percebes que afinal o teu mundo não é tão perfeito como julgavas, nem tudo é tão maravilhoso como julgavas ser... nem tudo é aquilo que poderia estar determinado na tua pequena mente cheia de ilusões.
     Percebes que afinal tudo aquilo que julgavas ser uma realidade não passa de um ficção criada pela tua mente que não pára de te iludir nem por um segundo que seja.
     E é nessa altura que vais entender que nem sempre tudo pode dar certo, nem tudo é da maneira como imaginavas, nem tudo é da maneira que parecia.
      Aí entendes que tudo não passa de uma ilusão, tudo o que julgavas uma realidade não passa de uma simples ficção criada pela ilusão da tua pequena e ingénua mente.
     Percebes, então que a existência, afinal não é aquilo que julgavas, não é aquilo que pensavas ser.

     Então dás por ti a questionar se a tua existência também não passa da mera ilusão da mente de alguém real, de um estranho ilusionista.

Raquel Miriam. 2010
     Hoje o dia correu normalmente... não aconteceu nada assim de importante... um dia normal como tantos outros, cheio de incertezas e com tantas certezas!
     Um dia normal para muitos, como tantos outros... sem nada do que recordar, sem nada do que lembrar... simplesmente mais um dia, num mar de milhões que percorremos!
     Um dia simples, mas não assim tão simples...
     Um dia calmo, mas não assim tão calmo...porque se assim o fosse não estaria para aqui a escrever as "calmidades" de um dia simples!
     Escrevo para que possa expressar as minha incertezas, as minhas certezas sobre coisa alguma. Pois não poderia escrever sobre coisa alguma de um calmo dia, um dia simples... sobre coisa nenhuma se pode escrever, porque simplesmente não existiu, não aconteceu naqueles dias calmos que nos assolam.
     Mas, se escrevo é porque algo se passou! Algo se passou porque vivi, aproveitando ou não, outro dos dias calmos em que temos o privilégio, ou não, de percorrer.


    Foi apenas um bom e calmo dia!!!

Raquel Miriam. 2010
     Quando olho através da janela imagino como teria sido aquela noite se não tivesses aparecido...
     Imagino como teria sido aquele final de tarde sem o teu sorriso... sem o teu olhar...
     Não consigo imaginar como teria sido aquela noite sem o teu toque... sem os teus lábios... sem ti...
     Quando espreito pela janela olho, e vejo o céu brilhante, cintilante e, lembro-me daquela noite de verão, as estrelas, a lua cheia, o barulho das ondas, a areia ainda quente do dia cheio de emoções que não consigo descrever... lembro-me daquela noite, daquele teu toque, dos teus lábios, do teu sorriso único, do teu olhar sem igual... lembro-me de pensar quão forte eras... de como me sentia segura ao pé de ti... de como queria que aquele momento não acabasse...e como não queria sair daquela dimensão por nós criada...
     Lembro-me da areia quente, dourada, ondulada...
     Do mar, calmo, azul, chamativo...
     Do céu, brilhante, cintilante, transmitindo uma paz inimaginável...
     Do teu sorriso sem igual...
     Do teu olhar inconfundível...

     Lembro-me de te olhar nos olhos e saber que era comigo que tinhas escolhido ficar naquela noite...e de saber que aquela noite nunca iria acabar...

     Lembro-me de te olhar nos olhos, enquanto olhavas nos meus, e sabíamos que pertencíamos um ao outro e que nada poderia alterar isso...

Raquel Miriam. 2009